Cinza

Em poucos minutos nós estávamos dentro de uma construção inacabada. Inacabada como a nossa história. 
Essa construção era um quadrado, com uma escada que contornava a parede, descendo e subindo infinitamente. Tão infinito quanto o que esperava que fosse o nosso sentimento. 
Não havia cores, apenas o cinza das paredes e do chão. Por algum tempo enxerguei as coisas cinza também, talvez ainda veja, não importa. 
Bem, nós estávamos juntos e perdidos dentro daquele lugar inóspito e morto, procurando uma saída. E, de alguma forma, nos perdemos no caminho. Como nos perdemos agora. 
Fiquei sozinha, desesperada e apavorada naquele lugar, não contive as lagrimas mas, continuei procurando. Fiz um plano: te achar e depois encontrarmos a saída. 
Meu plano falhou. Eu encontrei a saída, parei na porta e pensei inúmeras vezes em voltar, eu precisava te encontrar e queria. Porém, se eu saísse de lá eu poderia ficar presa naquela construção. 
Não sabia o que fazer e não teria ajuda. Sentei e esperei o que, para mim, pareceram anos, anos angustiada. Mas você nunca passou perto o suficiente para que pudesse te ver ou te chamar.
Enfim tomei a minha decisão, levantei-me fui até o corrimão e novamente dei uma boa olhada, buscando em cada canto, mas não vi nada, respirei fundo e passei por aquela porta. 
Deixei-a bem aberta para que a luz entrasse por ela e talvez servisse de sinal para que você encontrasse aquela passagem também. 
Lá fora olhei para a construção e tudo em volta. Respirei fundo e continuei andando, precisava buscar as cores e aceitar que em algum lugar do caminho eu te perdi.


Autora: Alethéia Skowronski
Imagem retirada da internet

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